8 de jul. de 2009

Aproximação

Para descobrir onde seria melhor estudar, realizei uma pesquisa grande. Visitei hospitais, conversei com enfermeiros, liguei em escolas. A primeira coisa que aprendi foi a hierarquia: auxiliar de enfermagem, técnico em enfermagem e o enfermeiro. Sempre explicava que queria estar perto do paciente, tendo contado direto, e que não queria liderar nada nem comandar ninguém. O profissional auxiliar é o peão, assim me disseram. Ele faz de tudo, do sujo ao pesado. E, "às vezes, sabe mais que o médico por causa da prática", me alertaram. Uma técnica em enfermagem indicou-me uma escola fundada pelo grupo de freiras que educaram minha mãe no interior de São Paulo. Obviamente, fui conhecer esta escola. A irmã-diretora me recebeu com tanta alegria que ela convenceu-me a fazer a matrícula. As aulas começariam dali uma semana! Desconhecia totalmente a legislação do ensino de enfermagem, os estágios obrigatórios, a carga horária mínima. A irmã-diretora disse "saindo daqui, você terá portas abertas em qualquer lugar e, com sua formação, você vai querer fazer a faculdade de enfermagem, não é?". Dei um sorrisão.

Eu não pensava e nem penso em ser enfermeira. Fiquei sabendo que, atualmente, o enfermeiro está cada vez mais distante do paciente. Ele fica cuidando da administração, burocracias, parte operacional, manutenção do setor, abastecimento da unidade, registros de lotes. Não, não era isso que eu queria. Outro dia, me explicaram que não era bem assim, que dependia do tipo de enfermagem que eu iria focar. O fato é que nem atuando como auxiliar de enfermagem estou! Então, "viola no saco".

Meus colegas de sala eram manicures, donas de casa, cabeleireiras, empregadas domésticas, motoboys, carregadores, atendentes e estudantes saídos do ensino médio interessados na rapidez da profissão técnica. Eu era a única "diferentona" ali. E sofri com hostilidade e preconceito. Naturalmente, me defendia. E nem sempre fui diplomática porque meu 'pulso ainda pulsa' (Arnaldo Antunes). Identificar-me com alguém foi difícil, mas mantive uns cinco ou seis colegas durante os 12 meses de curso. No começo, éramos 27. Terminamos com 19 alunos.

Fui uma aluna muito acima da média na parte teórica. Dez, nove, às vezes, um oito. Nos estágios, aluno nenhum podia ganhar nota alta. Essa era a regra porque estávamos todos aprendendo juntos. Dei mancadas, como todos, e - mesmo assim - continuei acima da média e me destaquei com os pacientes. E era isso que me interessava ali. Mesmo diante daquele cenário, lidando com doenças, eu estava tão animada de estagiar nos hospitais que, mais do que fazer bonito para as professoras, eu queria ganhar a confiança do doente. Além do que a escola e os estágios ensinam, e que é fundamental como proteção, segurança, responsabilidade, carinho, humanidade e respeito, percebi que é possível realizar os cuidados de enfermagem com personalidade.

2 comentários:

Annix disse...

Vc vai ser uma boa profissional, tenho certeza.

C. Fiuza disse...

Annix! A gentileza é sua marca.
Que alegria te ver aqui.
Um beijo.

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