10 de abr. de 2010

Prova de fogo

Vantagens do novo emprego: caminho fora do fluxo, meio período, esforço somente mental, aproximação com a prática psiquiátrica e pouco procedimento (basicamente sinais vitais). Desvantagens: trabalhar com o sistema do funcionalismo público (há uma integração entre OS e prefeitura), atender pacientes alterados pelo álcool ou drogas, lidar com casos recorrentes e o preconceito comigo. Sim, preconceito comigo e explico (já falei superficialmente aqui sobre isso).

Iniciar nova carreira em uma determinada (elevada) altura da vida é algo curioso e entendo que queiram saber minhas motivações ou sobre o que eu fazia antes para sobreviver e não escondo. No curso de auxiliar de enfermagem, me perguntavam "você fazia o quê?", respondia, "sou jornalista, trabalhava como assessora de imprensa". Mas é aí que me torno alvo de discriminação e o que era dúvida vira julgamento: "ela já tem superior!", "está tomando o lugar e a vez de quem está tentando". Eram estes tipos de comentários que chegavam para mim. E esta reação não foi diferente no curso técnico em enfermagem, ("jornalista? devia estar na televisão!", "ela não conseguiu se sustentar como jornalista?"). Nem no primeiro trabalho consegui me livrar do preconceito ("será que é uma informante?", "o quê tanto ela escreve naquele bloco?").

No início do trabalho, eu anotava tudo para assimilar mais rapidamente tanta informação nova. A maioria dos colegas não me dava confiança e os pacientes me faziam "de gato e sapato" porque os atendia com excesso de zelo. Eu ainda não conhecia suas possíveis artimanhas e manipulações!

Foram 90 dias tensos de experiência, uma verdadeira prova de fogo (sem trocadilho com o estado dos bebuns!). Uma amiga querida, a Norma, me disse "Cinira, trabalhar em repartição pública vai ser ótimo para sua ingenuidade crônica".

Assim, espero!

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